É
muito comum ouvirmos pessoas ao nosso redor criticar, seja sobre a crise
econômica, o mal gerenciamento e a falta de caráter de nossos políticos, frente
aos problemas que pairam diante de todas as famílias. Ou pelas condições
climáticas que prejudicam desde a falta de água até a própria saúde, que também
fica afetada. Assim como o stress, a impaciência,
as dores físicas, emocionais... E mais reclamações...
Desde
o momento de nossa concepção e desenvolvimento intrauterino, possuímos emoções,
sentimos de alguma forma. Visto que os bebês mexem ou ficam agitados dependendo
do estado emocional da mãe ou com pessoas que falam com ele. E nesse processo
já começamos a escrever nossa história de vida, que se compõe de dificuldades,
tristezas, frustrações... Mas também de alegrias e conquistas!
Após
o nascimento, começamos a descobrir melhor o mundo e o ambiente que habitamos.
Percebemos melhor quem nos dá aconchego, atenção e nossos vínculos começam a
serem criados de uma forma mais clara e intensa. Assim, como os desconfortos,
dores e necessidades também iniciam seu processo de adaptação, para que desde
cedo busquemos formas de ir atrás daquilo que precisamos e a lutar pela nossa
sobrevivência.
Os
anos se esvaem, e então passamos pela nossa infância, carregada de conteúdos,
continuando a escrever nossa história de vida. Cada vez mais com consciência de
nossas responsabilidades e mais entendimento sobre nossas trocas afetivas,
embora ainda não maduras o suficiente. Principalmente no período pré-escolar
que passamos a expressar melhor nossos sentimentos, através dos comportamentos
individuais, integração com nossos colegas e o aprendizado. Atualmente a
professora possui um papel importante de identificação quando “algo não vai bem”,
onde irá direcionar os responsáveis para o auxílio da criança.
Mas
em tempos remotos, como isso funcionaria?
O
modelo escolar era um pouco diferente, houveram períodos onde os professores
eram muito autoritários e até muitas vezes um pouco agressivos, chegando aos
extremos de bater com a régua nas mãos dos alunos ou jogar o giz em suas
cabeças. Época mais repressora, onde muitos alunos tinham o rótulo de não
acompanharem o aprendizado na sala de aula e reprovarem o ano. Ou aqueles bagunceiros
que não saíam do castigo ou da sala da diretora, chegando a serem convidados a
se retirarem da escola (Expulsão de uma forma mais ética), propiciando muito
mal estar a todos ao seu redor. Há também os tímidos e mais lentos no mesmo
processo, onde não chamam a atenção por seus comportamentos excessivos, mas
pela falta de expressividade e em alguns casos as mesmas dificuldades no
aprendizado.
Obviamente que os ditos “dentro do padrão
médio” também não escapam, passando por períodos difíceis de zombaria, comuns
na infância e adolescência, algumas dificuldades na relação com seus colegas,
onde desentendimentos são comuns e algumas frustrações também, seja na
integração com os demais ou na dificuldade nos próprios conteúdos escolares.
E
justamente, nesse período de vida, é que começamos a somar mais intensamente
nossas dificuldades, angústias, frustrações, ter que lidar com a raiva e as
diferenças. O olhar para si e perceber que possuímos traços não tão bacanas,
dificuldades em alguns aspectos e também observar e sentir isso nas pessoas que
nos cercam. Começando a batalha maior: além da sobrevivência, ter que lidar com
um ambiente que muitas vezes poderá provocar dor e não aceitação de valores
diferentes daquilo que achamos certo e confortável. Incluindo a relação com a
família e o meio social, sendo a base principal na forma de lidar e encarar
todos os conflitos.
Cada
um passará por suas dificuldades de uma forma, com enfrentamentos ou fugas de
formas diferentes. O fato é que levaremos essa carga para a próxima fase que é
a adolescência. Fase em que os hormônios começam a ficar a todo vapor, o corpo
muda e a mente passa a descobrir outras formas de viver ao meio, com sonhos,
expectativas da vida adulta. O relacionar-se de forma mais completa, incluindo
paixão, sexualidade, namoro, festas e também o lado denso do contato com o
álcool, tabaco, drogas ilícitas, alguns casos de gravidez na adolescência ou
mesmo a DST.
Assim,
as relações com o mundo e si mesmo começam a moldar ainda mais nossa
personalidade, já constituída até os sete anos, mas que sofre transformações,
agregando pontos positivos e negativos. Abrangendo desde os conflitos
familiares, com o meio social, afetivos e que cada vez mais a compreensão do
outro e sua história de vida passa a ser mais necessária. Embora maior parte da
população não emprega ou tem dificuldades com esse critério em sua vida diária.
Então
os conflitos tornam-se maiores e as frustrações internas igualmente,
necessitando lidar com um conceito chamado Perdão.
Muitos
entendem essa característica como religiosidade, onde apenas os santos ou
mártires tem essa capacidade, como algo fora do padrão da “normalidade” de
qualquer ser humano. Porém, essa palavrinha mágica é a fonte de grandes transformações
na vida de um indivíduo, que como descrito anteriormente, carrega muitos
conteúdos desde o momento de sua concepção. Deparando-se com o sofrimento e as
decepções frequentemente proporcionados por si mesmos, mas sempre abrangendo ou
comparando-se com outras pessoas. Pois nunca lidamos com a dor solitariamente,
sempre tem outros indivíduos envolvidos. E apenas o conceito da compreensão
acompanhada do perdão é que conseguiremos lidar com todas as questões de nossas
vidas, principalmente melhorando nossa saúde mental e física.
É
compreendido que todas as doenças e transtornos, partem de como compreendemos e
aceitamos nossa própria história e as pessoas que fizeram ou fazem parte dela. Pois
tratando-se de vida humana, a imperfeição caminha lado a lado, sendo que em
muitos momentos passaremos por stress e decepções, que muitas vezes seremos os
precursores dessas questões na vida de outras pessoas igualmente.
Na
prática da vivência clínica, observo que os grandes declínios na vida de um ser
humano, está presente sempre que nossos instintos primitivos conduzem nossa
rotina. Esses instintos podemos nomear de: raiva, ressentimentos, mágoas, não
aceitação de si mesmo, vergonha, ciúmes, vingança, inveja, entre outros.
Iniciando o processo de adoecimento da mente, em seguida do corpo.
Portanto,
seja na vida ou no processo de psicoterapia o perdão sempre será um fator
determinante para o bem estar e saúde de qualquer indivíduo. Seja perdoar o
outro ou a si mesmo, enfrentando todo nossa história de vida, caminhando para a
transformação positiva.
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