quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Crianças Francesas não Fazem Manha: Sono e Alimentação - PARTE I

Cada vez mais percebemos a imensa dificuldade nas famílias em relacionar a individualidade e o trabalho com a criação dos filhos e a responsabilidade de zelar pelo próprio lar.
A geração vem contribuindo muito para os grandes obstáculos, pois as crianças exigem mais em aspectos de conhecimentos, tecnologia e cobram igualmente a atenção dos pais. Fatos que hoje, o Brasil como um todo vem demonstrado alguns déficits, ao que se diz respeito na sustentabilidade da família, em suprir as necessidades dos filhos e cônjuges.
Um modelo muito difundido tem como base o livro: “Crianças Francesas não Fazem Manha” de Pamela Druckerman. Uma jornalista americana que se apaixona por um britânico,  residente na França, onde se relacionam um curto período de tempo e resolvem morar juntos. Logo em seguida ela engravida de sua filha Bean, iniciando um processo de conflitos e comparações entre sua criação e trejeitos americanos, com a conduta francesa. Fatores em que os brasileiros se aproximam na condição americana, servindo como exemplo.
                     

O modelo francês inicia seu processo desde o nascimento, onde os pais são reforçados a coagir com mais tranquilidade quando seu filho acorda chorando durante a madrugada para a amamentação ou simplesmente porque estão com alguma indisposição. A técnica é indicada por um pediatra local chamado Michel Cohen de “dar a chance de seu filho acalmar-se sozinho e não pular em cima dele à noite, não responder automaticamente. Essa pausa antes de atender ao choro de madrugada, sempre fizeram filhos que dormem melhor, enquanto pais ansiosos tem filhos que acordam repetidamente até tornar-se insuportável”. Além de priorizar a qualidade de vida dos pais, para que o reflexo seja o melhor possível na criança desde seu nascimento.
Sendo um quadro que exige transformação igualmente nas famílias brasileiras, pois é muito comum em nossos consultórios de psicologia a queixa excessiva dos filhos não lidarem com a frustração: palavra NÃO e paciência em esperar, as regras e limites. Onde esses pais desesperadamente tem a necessidade de “socorrer” o filho na primeira resmungada ou ceder aos caprichos no mesmo momento, reforçando-os de forma negativa e ilusória, pois em algum momento nos depararemos com tal injunção do termo e o sofrimento torna-se pior, contribuindo muito com os transtornos psicológicos e as doenças psicossomáticas futuras.

                               

As regras estendem-se no aspecto da alimentação, enquanto pais americanos são incisivos nos fast foods e industrializados, um bebê francês aos quatro meses já inicia seu processo de alimentar-se a cada quatro horas, como um adulto, por exemplo: café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Onde o cardápio básico inclui frutas, verduras, legumes, queijos e também logo mais tarde aprendem a fazer lanchinhos da tarde, como o primeiro bolo de iogurte chamado: gâteau au yaourt, junto com a mãe.
É muito comum as mãe francesas tomarem suas xícaras de café ou chá inteiras, ou seja, conseguem conversar do início até o final na companhia de crianças e sem birras. Mesma situação nos restaurantes, onde os pequenos permanecem sentados e se alegram com um prato de peixe com legumes. Fato não ocorrido, com Bean, por exemplo, onde o choque de culturas faz com que ela em um determinado restaurante rasgue em pequenos pedacinhos os guardanapos de papel, um tanto quanto agitada, que estão sobre a mesma e os jogue no chão, fazendo com que os pais comam brevemente e envergonhados pedem desculpas ao garçom, seguido de uma gorjeta.
Outro ponto muito sensato é a máxima dos pais franceses: a palavra “Não”, pois os filhos precisam aprender a lidar com a frustração. Ela é empregada no sono, na alimentação ou quando se diz respeito aos desejos ou caprichos em sentido geral das crianças. 
Percebe-se desde o o momento do nascimento, por exemplo, quando não é atendido de primeira quando resmunga ou chora, é possibilitador aos pais a capacidade de observarem seus filhos, ensinando-lhes a melhor forma de encarar o mundo e as pessoas. Igualmente, é necessário explicar quando não pode ser atendido a um desejo ou capricho da criança, apontando as razões do não e permitir que eles possam expressar-se com o choro muitas vezes. Ou quando são reforçados a comerem de forma saudável e com horários fixos, questão que entre americanos é comum não terem horários fixos e as crianças desde cedo abrirem a geladeira pegando aquilo que tem vontade no momento.  
Todos esses fatos de condutas francesas que tornam a vida da família e da própria criança, que irá crescer um dia, mais tranquila e mais compensatória dentro dos padrões reais e sensatos.
 O essencial é compreender que todos esses cuidados tem como referência o amor, apesar de parecerem rígidos ou mesmo frios comparados a outras culturas, é percebido que funciona e não são infelizes por isso, pelo contrário, são considerados o modelo de respeito e cuidado com o outro!
                    




quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A Importância Do Perdão Para Uma Vida Saudável

É muito comum ouvirmos pessoas ao nosso redor criticar, seja sobre a crise econômica, o mal gerenciamento e a falta de caráter de nossos políticos, frente aos problemas que pairam diante de todas as famílias. Ou pelas condições climáticas que prejudicam desde a falta de água até a própria saúde, que também fica afetada.  Assim como o stress, a impaciência, as dores físicas, emocionais... E mais reclamações...

                          
Desde o momento de nossa concepção e desenvolvimento intrauterino, possuímos emoções, sentimos de alguma forma. Visto que os bebês mexem ou ficam agitados dependendo do estado emocional da mãe ou com pessoas que falam com ele. E nesse processo já começamos a escrever nossa história de vida, que se compõe de dificuldades, tristezas, frustrações... Mas também de alegrias e conquistas!
Após o nascimento, começamos a descobrir melhor o mundo e o ambiente que habitamos. Percebemos melhor quem nos dá aconchego, atenção e nossos vínculos começam a serem criados de uma forma mais clara e intensa. Assim, como os desconfortos, dores e necessidades também iniciam seu processo de adaptação, para que desde cedo busquemos formas de ir atrás daquilo que precisamos e a lutar pela nossa sobrevivência.
Os anos se esvaem, e então passamos pela nossa infância, carregada de conteúdos, continuando a escrever nossa história de vida. Cada vez mais com consciência de nossas responsabilidades e mais entendimento sobre nossas trocas afetivas, embora ainda não maduras o suficiente. Principalmente no período pré-escolar que passamos a expressar melhor nossos sentimentos, através dos comportamentos individuais, integração com nossos colegas e o aprendizado. Atualmente a professora possui um papel importante de identificação quando “algo não vai bem”, onde irá direcionar os responsáveis para o auxílio da criança.
                                

Mas em tempos remotos, como isso funcionaria?

O modelo escolar era um pouco diferente, houveram períodos onde os professores eram muito autoritários e até muitas vezes um pouco agressivos, chegando aos extremos de bater com a régua nas mãos dos alunos ou jogar o giz em suas cabeças. Época mais repressora, onde muitos alunos tinham o rótulo de não acompanharem o aprendizado na sala de aula e reprovarem o ano. Ou aqueles bagunceiros que não saíam do castigo ou da sala da diretora, chegando a serem convidados a se retirarem da escola (Expulsão de uma forma mais ética), propiciando muito mal estar a todos ao seu redor. Há também os tímidos e mais lentos no mesmo processo, onde não chamam a atenção por seus comportamentos excessivos, mas pela falta de expressividade e em alguns casos as mesmas dificuldades no aprendizado.
 Obviamente que os ditos “dentro do padrão médio” também não escapam, passando por períodos difíceis de zombaria, comuns na infância e adolescência, algumas dificuldades na relação com seus colegas, onde desentendimentos são comuns e algumas frustrações também, seja na integração com os demais ou na dificuldade nos próprios conteúdos escolares.

E justamente, nesse período de vida, é que começamos a somar mais intensamente nossas dificuldades, angústias, frustrações, ter que lidar com a raiva e as diferenças. O olhar para si e perceber que possuímos traços não tão bacanas, dificuldades em alguns aspectos e também observar e sentir isso nas pessoas que nos cercam. Começando a batalha maior: além da sobrevivência, ter que lidar com um ambiente que muitas vezes poderá provocar dor e não aceitação de valores diferentes daquilo que achamos certo e confortável. Incluindo a relação com a família e o meio social, sendo a base principal na forma de lidar e encarar todos os conflitos.
                          

Cada um passará por suas dificuldades de uma forma, com enfrentamentos ou fugas de formas diferentes. O fato é que levaremos essa carga para a próxima fase que é a adolescência. Fase em que os hormônios começam a ficar a todo vapor, o corpo muda e a mente passa a descobrir outras formas de viver ao meio, com sonhos, expectativas da vida adulta. O relacionar-se de forma mais completa, incluindo paixão, sexualidade, namoro, festas e também o lado denso do contato com o álcool, tabaco, drogas ilícitas, alguns casos de gravidez na adolescência ou mesmo a DST.
Assim, as relações com o mundo e si mesmo começam a moldar ainda mais nossa personalidade, já constituída até os sete anos, mas que sofre transformações, agregando pontos positivos e negativos. Abrangendo desde os conflitos familiares, com o meio social, afetivos e que cada vez mais a compreensão do outro e sua história de vida passa a ser mais necessária. Embora maior parte da população não emprega ou tem dificuldades com esse critério em sua vida diária.
Então os conflitos tornam-se maiores e as frustrações internas igualmente, necessitando lidar com um conceito chamado Perdão.
Muitos entendem essa característica como religiosidade, onde apenas os santos ou mártires tem essa capacidade, como algo fora do padrão da “normalidade” de qualquer ser humano. Porém, essa palavrinha mágica é a fonte de grandes transformações na vida de um indivíduo, que como descrito anteriormente, carrega muitos conteúdos desde o momento de sua concepção. Deparando-se com o sofrimento e as decepções frequentemente proporcionados por si mesmos, mas sempre abrangendo ou comparando-se com outras pessoas. Pois nunca lidamos com a dor solitariamente, sempre tem outros indivíduos envolvidos. E apenas o conceito da compreensão acompanhada do perdão é que conseguiremos lidar com todas as questões de nossas vidas, principalmente melhorando nossa saúde mental e física.
É compreendido que todas as doenças e transtornos, partem de como compreendemos e aceitamos nossa própria história e as pessoas que fizeram ou fazem parte dela. Pois tratando-se de vida humana, a imperfeição caminha lado a lado, sendo que em muitos momentos passaremos por stress e decepções, que muitas vezes seremos os precursores dessas questões na vida de outras pessoas igualmente.
Na prática da vivência clínica, observo que os grandes declínios na vida de um ser humano, está presente sempre que nossos instintos primitivos conduzem nossa rotina. Esses instintos podemos nomear de: raiva, ressentimentos, mágoas, não aceitação de si mesmo, vergonha, ciúmes, vingança, inveja, entre outros. Iniciando o processo de adoecimento da mente, em seguida do corpo.
Portanto, seja na vida ou no processo de psicoterapia o perdão sempre será um fator determinante para o bem estar e saúde de qualquer indivíduo. Seja perdoar o outro ou a si mesmo, enfrentando todo nossa história de vida, caminhando para a transformação positiva.  

                        


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A Hora do Café XII

Calendário Mental

Ainda não inventaram um calendário mental, mas posso assegurar: já vivi muitos anos em apenas uma semana!

Vivo muitos dias em minutos, ao mesmo tempo, me transporto ao passado ou me projeto no futuro em menos de 24 horas

Por entre estações, conduzo-me a encontros, onde confesso que briguei e fiz as pazes mentalmente com muitas pessoas...

E nesse mesmo pensamento, falei tantas coisas, onde sequer meus lábios jamais se mexeram...

Também chorei por entre madrugadas, acordando tão consolada, que "o ontem" foi um passado tão longíquo, que quase nem me lembro porque tudo começou!

Tantos dissabores e tantas alegrias, que lhes pergunto: De quanto tempo se compõe uma vida?

Como contar um ano, se de quando em quando, sinto-me envelhecer num piscar de olhos... 

Ao mesmo tempo, rejuvenesço, retornando ao passado e sentindo o cheiro do café preparado pela minha avó em tão tenra idade!


E nesse trepidar de pensamentos, a mente se aquieta, aguardando o renovar do Calendário criado pelos homens, que sempre trás o florescer de um Ano Novo e o refazimento de muitas questões: Ainda há muito tempo para discorrer nesses próximos 365 dias! ( Carol Careta).