segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Sobre os enfrentamentos da vida - Vaca não dá leite!

 

Dia desses estava ouvindo um relato de Mário Sérgio Cortella, um grande filósofo que admiro, onde ele prometeu aos filhos que um dia contaria à eles o grande segredo da vida. Mas para isso seria necessário crescer um pouco mais, para haver o entendimento completo.

Eis que finalmente, quando um deles chegou aos 12 anos, foi correndo perguntar ao pai qual era o tal segredo? E ele resolveu abrir o jogo:

- “A grande verdade da vida é que vaca não dá leite, você tem que tirar!”

Algo que parece muito simples, perto da resposta complexa que tanto foi aguardada, para o espanto do garoto. Mas a realidade é que dá muito trabalho, até chegar ao processo final que é o “leite na xicara”.  Para isso, explica Cortella, é necessário que uma pessoa se levante às 03:30 hs da manhã, entre no curral todo sujo, amarre a vaca, segure a teta dela e aí possa tirar o leite.


Porém, estamos vivendo uma fase de grande conflito psicológico e consequentemente social. Onde seu ponto inicial, é devido a uma geração de jovens que possuem necessidades cada vez maiores, principalmente de serem atendidos a tudo que desejam: estar na moda com um estilo que chame a atenção, celulares de última geração, muitos seguidores nas redes sociais e com muitas curtidas (Comprovando sua importância), são alguns dos exemplos que mais ouvimos.

Claramente percebemos uma grande inversão de valores, através de condutas superficiais, iniciando pelas roupas cada vez menores (Rebolando ao som de Anita), versus o aumento da acomodação, baixa tolerância a frustração, a fuga através do mundo digital, drogas e suicídio. Representados, em sua maioria, pela população jovem e cada vez mais propensa a crises de ansiedade, depressão, compulsões, além de comportamentos agressivos, principalmente consigo mesmo.

Há um padrão comportamental e emocional muito destacadas nessa população mais jovem, que envolvem as crises de baixa autoestima, com um grande agravante que é a comparação excessiva com “o outro”, principalmente com base nas redes sociais. Tornando-se mais intenso, somados aos comportamentos de automutilação, onde se “cortar” tem a justificativa de aliviar a dor e a angústia...



Percebo que esse vazio existencial vem se comunicando com todos nós de uma maneira, que a cada geração, vem mostrando novas faces e necessidades. Porém, o mais preocupante é que ainda não inventaram uma forma automática ou mesmo um botão que se pressione para lidar diretamente com nossos sentimentos e angústias, para realmente “tirar” toda dor que sentimos ou mesmo, acabar com o tédio que nos assola tantas vezes!

 É nesse momento, que muitos trocam os cliques que resolvem uma realidade virtual, por objetos cortantes e que causam a ilusão de, pelo menos aliviar os nossos problemas. E justamente, por não conseguirem aceitar que nosso mundo real tem enfrentamentos, decepções, os sofrimentos que podem nos levarem igualmente, ao crescimento e mais plenitude!

O fato é que a dor existe para ser sentida e quanto mais fugimos, mais “alimento” ela recebe e com isso vai ficando grande e forte. Agora, se houver a aceitação, acolhimento e posicionamento dessa dor: ela irá diminuir e de repente, até se dissipar, o quanto antes imaginamos!

A maior questão são as pessoas “grandes” com comportamentos de criança no processo de educação de seus instintos, onde: “Se eu não for feliz e do meu jeito, não quero mais” e muitas vezes, é desistido inclusive de viver...

 E nesse cenário os prejuízos são crescentes, onde parte da sociedade está cada vez mais doente psiquicamente, pois segue referenciais com vivências extremamente supérfluas de uma vida com “pouco recheio”. Também na ilusão de uma suposta “Felicidade plena” ou repleta de “Riquezas materiais”, até mesmo quem sabe “Um amor de conto de fadas”. E além todas as ilusões corrosivas, ainda existe o pensamento de que tudo aquilo que “dá trabalho”, dificultando demais o processo, é desistido e se aguarda os pais ou as pessoas ao redor fazer por elas. Enquanto isso, entregar-se para a depressão e todo o processo autoagressivo, se torna justificativa para sua vida não tão feliz.

A maior verdade que já acessei nessa existência é a questão do propósito, que tudo tem uma razão de ser e estamos aqui nesse mundo para evoluir, crescer e que fugir nunca aliviará nada. Dessa forma, vejo que o resultado é do tamanho do esforço e portanto, se esquivar da luta só causará prejuízos muito mais danosos...

Aceitar que a vaca não dá leite é extremamente necessário para nossa saúde psíquica, mas garanto que todo o seu processo, vale muito à pena...

Existe muita luz realmente depois da tempestade, mas somente aqueles que se arriscarem a enfrentar sua própria sombra e a realidade dessa existência é que poderá beber esse leite da compensação!

            


Vale à pena ficar e se esforçar...

E aqueles que estão em sofrimento psíquico, buscar auxílio terapêutico para esse processo é a melhor maneira para não desistir!

                              






segunda-feira, 18 de abril de 2022

Construindo um novo modelo social

 

Durante muito tempo, escrever sobre temas polêmicos e de teor psicológico fizeram parte de minhas semanas...

Desenvolver um blog, contribuir com algumas matérias em Revistas de Psicologia e sites, também alimentaram minha ânsia pela contribuição social e igualmente da agenda de pacientes. Pois, assuntos ligados em como ter mais qualidade de vida, à partir de como pensamos, sentimos a vida e os seus desafios buscando evolução, é algo que todos compactamos, seja em maior ou menor grau.      



Foi aí que decidi escrever um livro, que em poucas páginas, tivesse a possibilidade de introduzir melhor as pessoas, nesse universo sobre a “elevação mental”, como base da qualidade de vida. Envolvendo não somente a saúde mental, mas consequentemente, a saúde física igualmente.

Ainda é um universo sobre a compreensão humana, que está sendo mais explorado do que nunca e que trás grandes respostas, através de tratamentos e também as devidas prevenções. Mas que ainda, é um tema polêmico e alvo de resistência para muitos...

A análise mais sensata é que carregamos grandes correntes da “ignorância” através de nossos ancestrais, onde o instinto da sobrevivência era o necessário, como na era das cavernas. E absorver o contexto de que nossos pensamentos são transformados em sentimentos e que esses podem se tornar doenças, torna-se praticamente inadmissível para muitos!

 


Além de possível, há uma necessidade de transformação mais do que imediata, pois o rumo que nossa sociedade está caminhando, não há espaços para certos pensamentos e comportamentos embasados na violência, preconceito, falta de empatia, falta de senso coletivo e principalmente o respeito.

Obviamente que o caminho ainda é bem longo, mas para desconstruir velhos padrões, é necessário iniciar os novos e comprová-los não somente cientificamente, mas reforça-los através das novas gerações, onde o teor da educação ensinada, pode mudar todo uma sociedade!

Estamos passando por um período de desintoxicação do que o ser humano vem se alimentando desde os primórdios e ressignificando através do amor, da gratidão, em como é incrível e necessário ter qualidade de vida... Onde alimentar de maneira saudável nosso corpo e nossa mente faz toda a diferença!

Um grande conflito existente no cenário atual, percebo que está em como buscar essa evolução, sentir-se em paz e com plenitude. O caminho então, está sendo trilhado de maneira distorcida, com muitas pessoas cultuando excessivamente o corpo. Seja através do excesso de exercícios físicos, obsessão sobre alimentação, até o fato do Brasil estar num ranking disparado de execução de cirurgias plásticas estéticas.

E porque, todos esses exemplos terminam por se tornarem psicopatológicos, altamente viciantes?



Justamente porque falta alimentar a alma ou “Psique”, de conteúdos não palpáveis, mas que se conectam com o que somos verdadeiramente ou pelo menos, que buscamos ser, nessa oportunidade chamada “vida”.

Uma vida com sentido, propósito, que inclui o bem estar não somente próprio, mais de toda uma sociedade faz parte dessa reestruturação de pensamentos e consequentemente de estilo de vida: o cultivo da elevação mental!

Nessa proposta, é que se torna possível a introdução na arte das emoções positivas e maior satisfação consigo mesmo e com a vida. É onde chamamos de Psicologia Positiva, que para mim, foi amor à primeira vista.

O ponto alto desse contexto, é que encontramos pelo caminho, muitas mentes em expansão, que permitem e tornam parte de seus dias o cultivar dessas primícias. Seja através da psicoterapia, da espiritualidade, técnicas holísticas, entre outros. Mas que auxiliam no despertar para um contexto mais integrativo e que permite todas as coisas fluírem, literalmente entrar em estado de FLOW.

Imagino que um dia, talvez distante (Nunca se sabe!), poderemos desfrutar de uma realidade mais plena. Mesmo porque cada ser humano é um universo, e nessa extensão, cada um define e busca o que é melhor para si.

Se ainda vemos o sofrimento predominante, é porque necessitamos silenciar um pouco e compreendermos onde é que a permissão foi dada para tal estado de espírito?

O que é necessário para transcender esse limite tão escasso?

Tenho buscado o autocuidado e o autoconhecimento?

Apesar de todas atrocidades e de um cenário bem complexo em pleno 2022, onde estamos, ainda em guerra sanitária e inclusive, para invadir o território alheio (Totalmente vergonhoso). Ainda assim, vale à pena ressaltar, que não são todas as pessoas que estão envolvidas nesse repertório de tamanha violência, falta de respeito e elevação mental: ainda existem e estão sendo formadas pessoas do bem!

A evolução, mesmo que a passos de formiguinha, vem acontecendo...

Mas como somos seres ainda muito diminutos, com necessidades ainda muito complexas para se tornar algo realmente “bom”, dá a impressão muitas vezes, que estamos retrocedendo. Mas acreditem: Não estamos!

Cabe a cada um definir de que lado escolheremos estar, como queremos desenvolver nossas vidas e o quanto de boa vontade teremos em arregaçar as mangas e lutar, primeiramente por nós mesmos e como reflexo, estaremos ajudando ao outro.

Só assim, deixaremos esse legado muito mais completo para as próximas gerações e levaremos em nosso interior, toda essa construção. Repleta de maior conhecimento, consciência, propósito, empatia, autocuidado, força para batalhar pela evolução e transcendência!

            E ainda completo: certamente chegaremos a algum lugar, onde sequer, atualmente imaginamos. Mas que fará parte da concretização de toda essa iniciação, com base nessas emoções positivas...

            Que todos nós possamos dar o nosso melhor, pois cada um plantando sua semente, amanhã teremos uma imensa e linda “floresta”, onde todos se beneficiarão...